Caio Fernando Abreu teria milhares de formas para descrever tudo o que eu sinto. Bem como me daria um murro no estômago sem sentir o menor remoço disso. E aquela dor, fina e aguda, permaneceria ali, junto a mim, como quem diz que é o preço que se paga. O preço que, cedo ou tarde, se paga por quase tudo na vida.
Embora eu não saiba escrever e externar como ele, eu sei o que é sentir essa dor dilacerante que corrói por dentro aos poucos – aos poucos apenas para que sobre mais para doer e assim o faça. Embora eu seja apenas mais uma pessoa, sou uma pessoa que sente cada pedacinho que está na carne viva, sente cada dor tomar conta do corpo todo, sem deixar forças nem ao menos para se pôr de pé.
Meu caro Caio ainda diria que “há sempre algo que falta. Guarde isso sem dor, embora, em segredo, doa”. É, Caio, há sempre algo que falta, que não nos deixa completar. O difícil é aceitar que muitas vezes somos nós mesmos que tiramos esses pedacinhos de nós e simplesmente jogamos fora, arremessamos para bem longe e nunca mais conseguimos achar. Ainda pior que isso é aceitar quando esses pedaços são tirados por outros, apenas pelo prazer de nos ver sangrar, pelo prazer de nos ver sentir dor. É realmente pior.
Nós tiramos os nossos pedaços quando vemos algum problema neles, ou quando simplesmente queremos nos ver sem eles, e lançamos ao acaso para termos ao menos a esperança de, quem sabe um dia, poder encontra-los de novo. Longe ou perto, nós sabemos que em algum lugar ainda há um pedaço. Mas a parte que nos é tirada por outro... ah, essa parte é esmagada de tal forma que a gente sabe que nunca mais vai estar inteira. Não será mais uma mera cicatriz. Não, será um vão. Um enorme e doloroso vão. E a gente não sabe se vale a pena. Se valeu a pena – independente do tamanho da alma.
Todos os meus pedaços, independentes de como, por quê ou por quem foram tirados, todos eles fazem falta. E essa falta dói. Dói como um tsunami que tenta passar por uma fechadura. Dói porque a gente pode tirar tudo de um corpo, e ele ainda estará inteiro... Mas se tirarmos a alma, ah! Aí esse corpo passa a ser apenas um saco de ossos.
Acontece que eu tirei uma parte de mim. Ou eu deixei que tirassem ela, não sei explicar... Acontece que eu não sei lidar com perdas, e quando elas chegam, de forma inevitável, eu apenas as guardo no fundo do meu baú... Mas mesmo um baú muito fundo, um dia transborda. E ter aberto mão de uma felicidade que eu estava sentindo em me sentir completa fez sangrar uma parte que eu vinha tentando manter cicatrizada. E então você joga tudo pra fora novamente, despeja. Em troca, se desfaz em lágrimas, dores e gritos. E dói.
Embora eu não saiba escrever e externar como ele, eu sei o que é sentir essa dor dilacerante que corrói por dentro aos poucos – aos poucos apenas para que sobre mais para doer e assim o faça. Embora eu seja apenas mais uma pessoa, sou uma pessoa que sente cada pedacinho que está na carne viva, sente cada dor tomar conta do corpo todo, sem deixar forças nem ao menos para se pôr de pé.
Meu caro Caio ainda diria que “há sempre algo que falta. Guarde isso sem dor, embora, em segredo, doa”. É, Caio, há sempre algo que falta, que não nos deixa completar. O difícil é aceitar que muitas vezes somos nós mesmos que tiramos esses pedacinhos de nós e simplesmente jogamos fora, arremessamos para bem longe e nunca mais conseguimos achar. Ainda pior que isso é aceitar quando esses pedaços são tirados por outros, apenas pelo prazer de nos ver sangrar, pelo prazer de nos ver sentir dor. É realmente pior.
Nós tiramos os nossos pedaços quando vemos algum problema neles, ou quando simplesmente queremos nos ver sem eles, e lançamos ao acaso para termos ao menos a esperança de, quem sabe um dia, poder encontra-los de novo. Longe ou perto, nós sabemos que em algum lugar ainda há um pedaço. Mas a parte que nos é tirada por outro... ah, essa parte é esmagada de tal forma que a gente sabe que nunca mais vai estar inteira. Não será mais uma mera cicatriz. Não, será um vão. Um enorme e doloroso vão. E a gente não sabe se vale a pena. Se valeu a pena – independente do tamanho da alma.
Todos os meus pedaços, independentes de como, por quê ou por quem foram tirados, todos eles fazem falta. E essa falta dói. Dói como um tsunami que tenta passar por uma fechadura. Dói porque a gente pode tirar tudo de um corpo, e ele ainda estará inteiro... Mas se tirarmos a alma, ah! Aí esse corpo passa a ser apenas um saco de ossos.
Acontece que eu tirei uma parte de mim. Ou eu deixei que tirassem ela, não sei explicar... Acontece que eu não sei lidar com perdas, e quando elas chegam, de forma inevitável, eu apenas as guardo no fundo do meu baú... Mas mesmo um baú muito fundo, um dia transborda. E ter aberto mão de uma felicidade que eu estava sentindo em me sentir completa fez sangrar uma parte que eu vinha tentando manter cicatrizada. E então você joga tudo pra fora novamente, despeja. Em troca, se desfaz em lágrimas, dores e gritos. E dói.
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